CARTAZISTAS

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ANA FRANÇA

Designer carioca nascida em 1973, formou-se em Desenho Industrial pela Faculdade da Cidade e fez mestrado pelo Pratt Institute de Nova York. Passou por várias agências de publicidade e escritórios de design no Rio de Janeiro, em São Paulo e Nova York, entre eles, a F/Nazca Saatchi & Saatchi, onde trabalhou durante seis anos. Premiada pela How Design Magazine, CCRJ, Colunistas Promoção e Propaganda O Globo, em 2009 abriu seu próprio escritório de design. Seu primeiro trabalho para cinema foi o cartaz do filme Antônia (2006), de Tata Amaral.

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BENICIO 

Gaúcho de Rio Pardo radicado no Rio de Janeiro, José Luiz Benício da Fonseca (1936-2021), ou simplesmente Benicio (sem acento agudo no primeiro “i”) foi não apenas um personagem essencial das artes gráficas no Brasil, mas da memória visual do país. Além de seu vasto trabalho com publicidade, ilustrações para revistas e capas de livros e discos, Benicio produziu centenas de cartazes de cinema – em torno de 300 – entre as décadas de 1970 e 1990. O primeiro deles foi Madona de cedro (1968) e o mais recente é A taça do mundo é nossa (2003). Com um estilo realista, influenciado pelo americano Norman Rockwell, ele ficou conhecido por desenhar mulheres estonteantes e pela capacidade de sintetizar numa única imagem o enredo de um filme. Por isso, foi o mais requisitado cartazista do cinema nacional. São de sua autoria quase todos os cartazes dos filmes dos Trapalhões. Também levam sua assinatura os cartazes de longas-metragens emblemáticos, como Super Fêmea (1973), que lançou Vera Fischer ao estrelato, Dona Flor e seus dois maridos (1976) e Independência ou morte (1972). Com mais de 50 anos de carreira, Benicio se manteve em constante atividade profissional, ilustrando especialmente para publicidade, até o ano de seu falecimento.

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CREUSA DE OLIVEIRA

Primeira mulher a trabalhar com ilustração publicitária no Brasil, Creusa de Oliveira (1914-2009) começou a desenhar profissionalmente ainda na adolescência e passou por diversas agências do Rio de Janeiro (cidade para a qual se mudou com a família, vindos de Manaus), ilustrando anúncios para produtos de renomadas marcas, com sorvetes Kibon, cigarros da Souza Cruz e ainda para eventos diversos em cassinos. Seu talento foi logo reconhecido e sua assinatura passou a figurar nas ilustrações que produzia, como um selo de qualidade. Creusa também ilustrou material publicitário para companhias cinematográficas como Columbia, Warner, Metro, Paramount, RKO Filmes do Brasil e Atlântida – com esta última, aliás, seu nome está indissociavelmente ligado, pois a ilustradora é a autora de cartazes de diversos filmes da produtora (eternizada por suas chanchadas), como Esse milhão é meu (1958), É a maior (1958).

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FERNANDO PIMENTA

Os anos atuando em diferentes funções dentro de agências de publicidade e propaganda deram ao designer gráfico carioca Fernando Pimenta (1950) um variado conhecimento de técnicas e ferramentas que ele passou a utilizar na realização de cartazes de cinema que misturam – com resultados criativos e inovadores – logotipia, fotografia e ilustração. Tanto que muitos deles foram premiados no Brasil e no exterior. Ao fim de seu mandato como diretor de criação da Embrafilme (iniciado em 1979), Fernando Pimenta criou a Boa Idéia Comunicação, empresa de marketing de lançamento para filmes brasileiros. A produção do designer atravessa três décadas, mas foi ao longo dos anos 1980 que Pimenta produziu seus cartazes mais emblemáticos, ajudando a criar uma estética moderna que marcou aquela época. Entre seus afiches estão Bye bye Brasil (1980), Pixote (1980), Eu sei que vou te amar (1984), O Homem da capa preta (1985), Os bons tempos voltaram (1985) e Ele o boto (1986).

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GILBERTO MARCHI

É fácil encarar Gilberto Marchi (1951), enquanto cartazista, como um imitador de Benicio. Basta conferir os cartazes para filmes como Será que ela aguenta (1977), Chumbo quente (1978) e Amante latino (1979) para comprovar a inegável intenção de emular (provável imposição dos contratantes) as qualidades gráficas do ilustrador gaúcho. Entretanto, não faz sentido menosprezar o talento para a pintura e os predicados para a composição desse artista paulista (que, tal como a maioria de seus colegas de oficio, também atuou em publicidade e ilustração de livros), como fica claro em uma porção de cartazes nos quais impõe uma identidade artística notável, como são bons exemplo Lilian M: Confissões amorosas (1975) e Aleluia, Gretchen (1976).

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JAIR DE SOUZA

A memória visual do cinema brasileiro das décadas de 1980 e 1990 foi traçada pelo talento de artistas gráficos como o carioca Jair de Souza (1947). Utilizando-se, principalmente, de recursos da fotografia, mas também da tipografia e do design, Jair de Souza é autor de um conjunto de cartazes – Nunca fomos tão felizes (1984), Como nascem os anjos (1996), O que é isso, companheiro? (1997), Central do Brasil (1998), entre outros – que prezam pela elegância e certa economia de elementos, resultando em peças que não ficaram datadas, ainda que mantenham sintonia com o momento em que os filmes foram lançados.

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JAYME CORTEZ

Nome importante das artes gráficas no Brasil, e imprescindível na história das histórias em quadrinhos brasileiras, o português Jayme Cortez (1926-1987) também deixou sua marca na produção de cartazes do cinema nacional, especialmente para filmes de dois emblemáticos cineastas: Amácio Mazzaropi e José Mojica Marins. Para a composição de capas de livros, Cortez utilizava diversas técnicas e influências visuais. Para cartazes, entretanto, optava pelo figurativismo e referências fotográficas do filme em questão. Mazzaropi, por exemplo, lhe fornecia diversas fotografias para que o artista encontrasse a mais expressiva, que melhor comunicasse com o público. “O cartaz tem mais responsabilidade na missão de atrair do que a capa”, afirma Jayme Cortez em seu livro Mestres da ilustração (1970). “A letra, a figura ou elemento principal deve ser visto e destacado na primeira olhada, com características que deem interesse para conduzir a pessoa a tomar conhecimento do resto conforme for se aproximando. Quanto menos elementos, melhor, ou então, um tão grande que, de longe, cumpra a sua missão”.

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LIELZO AZAMBUJA

Gaúcho radicado no Rio de Janeiro, Lielzo Azambuja (1938) desenvolveu, por conta de seu talento no desenho e na pintura (capaz de emular o estilo de diversos movimentos e artistas), uma polivalente atuação nas artes visuais, tendo passado pela publicidade, cinema (produção de cartazes e story boards), histórias em quadrinhos (a tirinha A Era dos Halley, publicada no jornal O Globo), capas de discos, criação de figurinos e carros alegóricos para escolas de samba, ilustração para livros e revistas e, claro, artes plásticas, participando de diversas exposições. Entre seus cartazes para filmes nacionais estão os sucessos A dama do lotação (1978), Rio Babilônia (1982) e os cultuados Brasil ano 2000 (1968) e Tudo bem (1978).

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LOBIANCO

Desenhista, gravador, artista gráfico e pintor, o carioca Pedro Hélio Lobianco (1939), provavelmente, é mais conhecido por conta das capas de discos que realizou para grandes nomes da música brasileira, como João Gilberto, Elis Regina, Jorge Ben, Chico Buarque, entre tantos outros. Esses trabalhos têm como característica principal a elegância do design, a economia de cores e elementos gráficos, uma moderna tipografia e a presença, quase sempre, de fotografia dos artistas. Em sua modesta contribuição para cartazes de cinema nacional, Lobianco foi por um caminho diferente, marcado pelo uso de muitas cores em ilustrações chamativas, figurativas, com base em fotografias.

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MANOEL DE MÓRA

Português naturalizado brasileiro, Manoel de Móra (1884-1956) foi um renomado profissional das artes gráficas não apenas por seu talento para a pintura, mas pelo volume de sua produção ao longo da primeira metade do século 20 – período para o qual, inegavelmente, ele ajudou a criar todo um imaginário nacional. Funcionário do estúdio de publicidade Parc Royal, Móra ilustrou, além de incontáveis anúncios (os chamados “reclames”) para os mais diversos produtos, capas de revista, como O Cruzeiro (inclusive do número inaugural da publicação), cartões-postais, convites para eventos e também cartazes de filmes brasileiros, a exemplo de Inconfidência mineira, longa-metragem escrito, produzido e dirigido por Carmem Santos, lançado em 1948.

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MARCELO PALLOTTA

Desde o final da década de 1990, Marcelo Pallotta (1967) se dedica ao desafiador ofício de sintetizar obras cinematográficas em uma única imagem. Em 2006, o designer gráfico fundou com Eduardo Rosemback a Moovie, empresa especializada em gestão de comunicação de cinema. Autor de cartazes de filmes nacionais como Cidade de Deus (2002), O Invasor (2002), Carandirú (2003), O ano em que meus pais saíram de férias (2006), Faroeste Caboclo (2013) Que horas ela volta? (2015), e de mais de uma centena de outros, Pallotta mostra em suas criações como o design contemporâneo pode ser criativo e elegante sem deixar de ser instigante e de grande poder de comunicação com o público.

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MELLO MENEZES

Artista plástico carioca, Mello Menezes (1938) tem uma trajetória bastante próxima à MPB, tendo produzido cartazes para eventos, cenografia para shows e capas para discos (João Bosco, Ivan Lins, Tom Jobim, Clementina de Jesus, entre muitos outros) – além de ilustrações para publicidade e livros. Produziu poucos, mas marcantes cartazes para cinema, no qual se destacam a relação cromática, a tipografia e ilustrações expressivas, bem exemplificada em Morte e vida severina (1977), Quem matou Pacífico? (1977) e Os amores da pantera (1977).

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MONTEIRO FILHO

Filho de pai cenógrafo e ator e de mãe atriz e cantora, o lisboeta Alcebíades Monteiro Filho (1909-1992) chegou ao Brasil com a família em 1920. Na juventude, teve como professores, entre outros, Cândido Portinari e Antônio Nássara. Na imprensa, Monteiro Filho trabalhou como ilustrador para jornais e revistas importantes, caso d’O Cruzeiro, A Noite, Jornal do Brasil e A Nação. A partir de 1933, inicia-se na atividade do pai, sendo mais um dos profissionais das artes gráficas que, muitas vezes, além da cenografia, criou cartazes para alguns dos filmes nos quais trabalhou. Nas ilustrações, a artista mostrava habilidade tanto para o realismo quanto para a caricatura – optando, muitas vezes, por algo intermediário entre um e outro –, o que caía como uma luva para divulgar as chanchadas. São dele, por exemplo, os cartazes de A baronesa transviada (1957) e A grande vedete (1958), ambos estrelados por Dercy Gonçalves. Também é de autoria de Monteiro Filho a ilustração do cartaz do filme O Judoka (1973), personagem de histórias em quadrinho do qual ele é um dos criadores. Sua relação com os quadrinhos, aliás, intensificou-se a partir de 1964, quando passou a integrar o quadro de funcionário da Editora Ebal, tendo ilustrado diversas capas para livros e gibis.

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REDI

As ilustrações de Sylvio Redinger, o Redi (1939-2004), tinham como principal característica a simplicidade. A economia de traços, entretanto, era inversamente proporcional ao imenso potencial de comunicação de seus desenhos. Como cartunista e ilustrador, o carioca passou por diversas editoras, jornais e revistas, desde o final da década de 1950, como A Notícia, Correio da Manhã, O Globo, Última Hora, Pasquim, Fatos e Fotos, O Cruzeiro, Status, Pop, Senhor, Playboy, Pif Paf e Bundas. Suas ilustrações também figuraram na imprensa internacional, especialmente no jornal The New York Times – que gostava de seu trabalho e lhe ajudou a conseguir um green card para viver nos Estados Unidos, onde se radicou nos anos 1980. Produziu poucos cartazes para o cinema brasileiro – caso de A dança das bruxas (1970), Cômicos + cômicos (1971), Nem as enfermeiras escapam (1976) – e, em todos eles, imprimiu suas inequívocas qualidades: poucas cores em desenhos cartunescos e eficientes, que convidam ao sorriso, bem distribuídos em meio às principais informações dos filmes.

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ROGÉRIO DUARTE

Artista múltiplo, o baiano Rogério Duarte (1939-2016) é mais conhecido por sua produção gráfica e pelo envolvimento com a Tropicália, da qual é um dos mentores intelectuais. Entre suas criações icônicas estão capas para discos de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Jorge Maltner e João Donato. Para o cinema brasileiro, Rogério Duarte produziu cartazes igualmente emblemáticos, caso de Meteorango Kid, o herói intergalático (1969) – um dos principais filmes do cinema marginal – e, principalmente, o de Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), obra-prima do Cinema Novo. No primeiro exemplo, o designer brinca com o lettering de maneira exagerada, elástica, pop e psicodélica; no segundo (um dos cartazes mais conhecidos do cinema nacional), os recursos (uma única foto do protagonista, com o rosto cercado por um sol estilizado e o fundo em intenso vermelho) são usados de maneira econômica, sóbria, mas muito moderna.

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ZIRALDO

É impossível abordar as artes gráficas no Brasil – e também a ilustração, as histórias em quadrinhos, a literatura infantil, a charge, o humor gráfico e, claro, os cartazes de cinema – sem falar de Ziraldo (1932). Mineiro de Caratinga, Ziraldo Alves Pinto é um dos mais conhecidos autores brasileiros em qualquer uma dessas áreas (e em mais algumas outras também). Criador de personagens famosos, como Menino Maluquinho e Turma do Pererê, Ziraldo esteve muito próximo do cinema durante as décadas de 1960 e 1970. Seu traço de personalidade inconfundível – influenciado tanto pelo modernismo nas artes plásticas, quanto pelas possibilidades sintéticas das histórias em quadrinhos, está presente em dezenas de cartazes de filmes brasileiros, tanto de produções ditas mais sérias, caso de Assalto ao trem pagador (1962) e Os fuzis (1964), quanto em comédias de alcance popular e teor levemente erótico, como Toda donzela tem um pai que é uma fera (1966), Como é boa nossa empregada (1973) e A mulata que queria pecar (1977).